Experimento ocorreu em apenas 20 humanos e, por isso, existe um logo caminho até que ela seja liberada para novo uso.
Cientistas pesquisam o uso da cloroquina no tratamento contra o coronavírus; atualmente, droga é usada contra a malária. (Foto: CRAIG LASSIG / REUTERS) (Matéria: O Globo) |
BRASÍLIA, RIO E SÃO PAULO — Estudos publicados em revistas acadêmicas dos EUA, China e França apontam que as drogas cloroquina e hidroxicloroquina, atualmente usadas no tratamento da malária e de doenças reumatológicas, apresentaram resultados promissores na inibição do novo coronavírus.
No entanto, foram feitos testes em apenas 20 humanos e, por isso, existe um logo caminho de experimentos até que ela seja liberada para o novo uso. Mesmo assim, já há pacientes brasileiros que testaram positivo para o Sars-CoV- 2 e que tiveram a droga prescrita.
— Este tipo de medicamento apresenta alta toxicidade, e o uso irrestrito poderia causar outros danos à saúde. A real eficiência não foi comprovada — diz Flavio Emery, professor da USP e presidente da Associação Brasileira de Ciências Farmacêuticas. — Qualquer uso de medicamento deve ser feito somente após consulta médica e acompanhamento farmacêutico.
O remédio, que só pode ser comprado com receita médica, já começou a se esgotar nas redes de farmácias. Emery afirma que a produção do medicamento é pequena devido ao público restrito que o utiliza.
— O risco é de as pessoas saírem comprando o remédio para um uso não confirmado e deixarem quem precisa sem o tratamento das suas doenças — afirmou.
O Ministério da Saúde apelou à população para que não compre esse tipo de medicamento. Segundo Denizar Vianna, secretário de Ciência e Tecnologia da pasta, há uma hipótese de que as substâncias ajudem no tratamento da Covid-19, mas é preciso que estudos sejam feitos ainda. Além disso, ele destacou que o SUS oferta tal medicamento.
— O Ministério da Saúde tem condição de produção muito grande. Hoje, já é disponibilizado. Se estudos mostrarem esse tipo de beneficio, poderemos prover esse tratamento para a população.
Vianna destacou que a OMS fará um estudo amplo para verificar se os remédios de fato têm boa resposta para combater o novo coronavírus.
— Os dados são promissores, existe uma plausibilidade biológica de que esse mecanismo de ação faça sentido, só que os estudos ainda são insuficientes.
Em nota, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) disse que a hidroxicloroquina e a cloroquina são registradas para o tratamento da artrite, lúpus eritematoso, doenças fotossensíveis e malária.
Destacou também que, apesar de serem promissores para o novo coronavírus, “não existem estudos conclusivos” e, assim, “não há recomendação da Anvisa, no momento, para o uso em pacientes infectados ou mesmo como forma de prevenção à contaminação”. Por fim, ressaltou que a automedicação pode ser um grave risco à saúde.
A Prevent Senior, operadora de saúde que concentra as cinco morte de coronavírus em São Paulo, diz que pretende usar a hidroxicloroquina a partir de amanhã, com autorização dos pacientes interessados e analisando caso a caso. A Prevent disse ter recebido 24 mil doses do medicamento.
Questionada pelo GLOBO sobre o uso mesmo contra as recomendações do Ministério da Saúde e da Anvisa, a empresa não se manifestou.
Preço dobrado
Nos EUA, o presidente Donald Trump afirmou que a entidade reguladora de medicamentos do país deve acelerar o processo de aprovação para potenciais terapias que tenham efeito contra a Covid-19.
Trump citou a hidroxicloroquina e afirmou que a agência de vigilância sanitária dos EUA (FDA) deve iniciar o processo administrativo de regulamentação. Já o comissário do órgão, Stephen Hahn, afirmou que ainda é preciso mais testes.
De acordo com o “Financial Times”, há apenas um laboratório que fabrica a droga nos EUA. E, em janeiro, quando os resultados começaram a aparecer, o preço do medicamento dobrou no país. Atualmente, custa US$ 7 a pílula de 250mg e US$ 20 a de 500mg. A farmacêutica Rising, de Nova Jersey, afirmou que foi coincidência.
No Brasil, a caixa com 30 comprimidos de 400mg custa R$ 75, produzida pela Apsen. Em nota, a farmacêutica defende que o princípio ativo tem “excelente potencial como medicamento antiviral de amplo espectro e que ainda é preciso mais estudos sobre a eficácia contra o coronavírus".
No entanto, foram feitos testes em apenas 20 humanos e, por isso, existe um logo caminho de experimentos até que ela seja liberada para o novo uso. Mesmo assim, já há pacientes brasileiros que testaram positivo para o Sars-CoV- 2 e que tiveram a droga prescrita.
— Este tipo de medicamento apresenta alta toxicidade, e o uso irrestrito poderia causar outros danos à saúde. A real eficiência não foi comprovada — diz Flavio Emery, professor da USP e presidente da Associação Brasileira de Ciências Farmacêuticas. — Qualquer uso de medicamento deve ser feito somente após consulta médica e acompanhamento farmacêutico.
O remédio, que só pode ser comprado com receita médica, já começou a se esgotar nas redes de farmácias. Emery afirma que a produção do medicamento é pequena devido ao público restrito que o utiliza.
— O risco é de as pessoas saírem comprando o remédio para um uso não confirmado e deixarem quem precisa sem o tratamento das suas doenças — afirmou.
O Ministério da Saúde apelou à população para que não compre esse tipo de medicamento. Segundo Denizar Vianna, secretário de Ciência e Tecnologia da pasta, há uma hipótese de que as substâncias ajudem no tratamento da Covid-19, mas é preciso que estudos sejam feitos ainda. Além disso, ele destacou que o SUS oferta tal medicamento.
— O Ministério da Saúde tem condição de produção muito grande. Hoje, já é disponibilizado. Se estudos mostrarem esse tipo de beneficio, poderemos prover esse tratamento para a população.
Vianna destacou que a OMS fará um estudo amplo para verificar se os remédios de fato têm boa resposta para combater o novo coronavírus.
— Os dados são promissores, existe uma plausibilidade biológica de que esse mecanismo de ação faça sentido, só que os estudos ainda são insuficientes.
Em nota, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) disse que a hidroxicloroquina e a cloroquina são registradas para o tratamento da artrite, lúpus eritematoso, doenças fotossensíveis e malária.
Destacou também que, apesar de serem promissores para o novo coronavírus, “não existem estudos conclusivos” e, assim, “não há recomendação da Anvisa, no momento, para o uso em pacientes infectados ou mesmo como forma de prevenção à contaminação”. Por fim, ressaltou que a automedicação pode ser um grave risco à saúde.
A Prevent Senior, operadora de saúde que concentra as cinco morte de coronavírus em São Paulo, diz que pretende usar a hidroxicloroquina a partir de amanhã, com autorização dos pacientes interessados e analisando caso a caso. A Prevent disse ter recebido 24 mil doses do medicamento.
Questionada pelo GLOBO sobre o uso mesmo contra as recomendações do Ministério da Saúde e da Anvisa, a empresa não se manifestou.
Preço dobrado
Nos EUA, o presidente Donald Trump afirmou que a entidade reguladora de medicamentos do país deve acelerar o processo de aprovação para potenciais terapias que tenham efeito contra a Covid-19.
Trump citou a hidroxicloroquina e afirmou que a agência de vigilância sanitária dos EUA (FDA) deve iniciar o processo administrativo de regulamentação. Já o comissário do órgão, Stephen Hahn, afirmou que ainda é preciso mais testes.
De acordo com o “Financial Times”, há apenas um laboratório que fabrica a droga nos EUA. E, em janeiro, quando os resultados começaram a aparecer, o preço do medicamento dobrou no país. Atualmente, custa US$ 7 a pílula de 250mg e US$ 20 a de 500mg. A farmacêutica Rising, de Nova Jersey, afirmou que foi coincidência.
No Brasil, a caixa com 30 comprimidos de 400mg custa R$ 75, produzida pela Apsen. Em nota, a farmacêutica defende que o princípio ativo tem “excelente potencial como medicamento antiviral de amplo espectro e que ainda é preciso mais estudos sobre a eficácia contra o coronavírus".
Portal Pacujá News
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