Prefeito de Niterói negou as acusações ao chegar à Cidade da Polícia - Luciano Belford / Agência O Dia |
Niterói - O prefeito de Niterói, Rodrigo Neves (PDT), foi preso, na manhã desta segunda-feira, na Operação Alameda, do Ministério Público do Estado do Rio e da Polícia Civil, um desdobramento da Lava Jato no Rio. Agentes chegaram ao prédio em que ele mora, em Santa Rosa, por volta das 6h, e realizam buscas no local. Os policiais esperavam Neves tomar café e ele deixou o local às 8h26, indo até o carro da Polícia Civil acompanhado da esposa, que chorou muito após ele entrar no veículo. Ao todo, a operação busca cumprir cinco mandados de prisão e 19 de busca e apreensão.
Além de Rodrigo Neves, estão presos o ex-secretário de
obras de Niterói e ex-conselheiro de administração da Nittrans, Domício
Mascarenhas de Andrade, o presidente do consórcio transoceânico e sócio
da viação Pendotiba, João Carlos Félix Teixeira e o administrador do
consórcio Transnit e sócio da auto lotação Ingá,João dos Anjos Silva
Soares. Mais um empresário do ramo do transporte público rodoviário, que
ainda não teve sua identidade revelada, também é alvo da operação.
O Ministério Público e a Polícia Civil fecharam os
acessos da Prefeitura e proibiram a entrada a de funcionários. Quem
chegava no local era orientado a voltar para casa. Enquanto isso, os
promotores vasculhavam a sede municipal para tentar encontrar possíveis
provas.
Segundo o MPRJ, empresas de ônibus pagaram propina para
a gestão de Rodrigo neves, entre 2014 e 2018, que somam aproximadamente
R$ 10,9 milhões, que foram desviados dos cofres públicos, segundo a
denúncia. O prefeito de Niterói é apontado como líder de esquema que
cobrava das empresas de ônibus consorciadas do município 20% sobre os
valores do reembolso da gratuidade de passagens. O benefício é concedido
a alunos da rede pública de ensino, idosos e pessoas portadoras de
necessidades especiais.
Além da casa do prefeito do seu gabinete, buscam também
são realizadas nas residências dos outros acusados e nas sedes de oito
empresas de ônibus que prestam serviço no município, além de escritórios
dos consórcios Transoceânico e Transnit, e do Sindicato das Empresas de
Transportes Rodoviários do Estado do Rio de Janeiro (SETRERJ).
A expectativa é de que Rodrigo Neves seja levado para a
Cidade da Polícia, no Jacarezinho. Quem assumirá a prefeitura de
Niterói será o presidente
da Câmara dos Vereadores de Niterói, Paulo Bagueira (Solidariedade),
que desde agosto é suspeito de estar envolvido em um esquema de compra
de votos na eleição de 2016, quando foi eleito. O vice-prefeito de
Niterói, Comte Bittencourt, deixou a gestão para reassumir o cargo de
deputado estadual na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). Comte foi
candidato a vice-governador na chapa de Eduardo Paes, nas eleições de
outubro.
Intercepções telefônicas que resultaram em uma operação da Polícia Civil e do Ministério Público
flagraram Bagueira negociando a compra de votos no Cavalão com Monique
Pereira de Almeida, mulher de Reinaldo Medeiros Ignácio, o Kadá, chefe
do tráfico local e que está preso fora do estado. As investigações
apontam que o político teria pago para formar um curral eleitoral na
comunidade. As interceptações ocorreram uma semana antes das eleições,
em outubro de 2016.
A Operação Alameda é executada pela da Polícia Civil,
pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado
(GAECO/MPRJ) e pela Coordenadoria de Segurança e Inteligência
(CSI/MPRJ). Os cinco vão responder por peculato e corrupção ativa e
passiva.
O coordenador de comunicação da Prefeitura de Niterói,
João Kalache, disse que o executivo municipal não irá se pronunciar num
primeiro momento sobre a prisão de Neves. "Fomos pegos de surpresa.
Posteriormente à entrevista do MP veremos se a defesa do próprio
prefeito ou a assessoria de imprensa da prefeitura irá se pronunciar."
A operação é um desdobramento da Lava Jato no âmbito da
Justiça Estadual, após o Ministério Público do Rio aderir aos termos e
condições do acordo de colaboração premiada do empresário Marcelo Traça
com o Ministério Público Federal (MPF) e do compartilhamento de provas
autorizado pelo Juízo da 7ª Vara Federal.
Repercussão
Muitas pessoas que passavam pela Rua Vereador Duque
Estrada, local onde mora o prefeito, comemoraram a prisão de Neves.
Outras ficaram surpresas. Foi o caso da industriária Ana Maria Coelho,
de 55 anos. “Estou muito surpresa com a prisão dele. O Rodrigo já havia
sido citado na Lava Jato, mas nada chegou até ele. Estou muito
impressionada com sua prisão”, disse a mulher incrédula na porta de
Neves.
Já a auxiliar administrativa Gleice Almeida, de 53
anos, comemorou a prisão do prefeito. “Ontem ele estava comemorando com a
família lá no Campo de São Bento. Hoje ele vai comemorar na cadeia”,
diz a mulher . “Ele construiu o BRT da Região Oceânica e nunca colocou
ônibus para circular. Há cinco anos não passa nada naquele local, é um
absurdo. Demorou muito para ele ser preso”, conta Gleice que fazia fotos
na polícia na porta de Rodrigo Neves.
Fonte: Alexandre Brum / Agência O Dia
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