Após a morte do monsenhor Luís Orlando de Lima, no último dia 16, em
Quixadá (a 158 km de Fortaleza), policiais encontraram extensa carta que
levou à prisão de Leanderson Pereira de Araújo, suspeito de estelionato
que se identificava falsamente como assessor de deputado federal
cearense e ainda servidor do Ministério do Turismo. Leanderson foi preso
preventivamente na tarde dessa terça-feira, 27, após tentar atrapalhar
as investigações.
Titular da Delegacia Regional de Polícia Civil de Quixadá, Marcus
Vinícius Damasceno disse ao O POVO Online que o nome do suspeito foi
especificado por monsenhor Orlando em carta de 18 páginas, deixada no
local que a vítima se matou, na casa da Paróquia de São Francisco. O
suicídio do religioso teria sido motivado, segundo a Polícia, por golpes
sucessivos que somam pelo menos R$ 650 mil, além de dois automóveis.
A carta relata os crimes, que tiveram início em 2015. Leanderson
prometia expressivos lucros ao padre, caso fossem investidas quantias em
dinheiro. Até o primeiro semestre de 2017, somavam-se R$ 500 mil,
levantados pelo religioso em empréstimos com agiotas. A dívida foi paga
por familiares de Orlando, mas as extorsões continuaram.
“Foi um verdadeiro domínio psicológico. O suspeito é um megalomaníaco de
filme, tem uma mente doentia. Teve portas abertas na igreja, prometendo
recursos e chegou até a gerir a paróquia. Ele criou um enredo, uma
fábula, ganhou a confiança das pessoas e falava a fiéis em nome do padre
para arrecadar supostos recursos que seriam investidos em projetos do
Governo”, detalhou o delegado.
As investigações policiais apontam que as dívidas se acumulavam com a
promessa de breve retorno, vindo de Brasília. Leanderson se apossou
ainda de um carro particular do padre e um segundo veículo, que havia
sido doado à paróquia. Um dos veículos foi vendido por R$ 50 mil.
“O padre sempre tentava resolver no diálogo, mas era levado pelas
promessas. O empréstimo mais recente do qual temos conhecimento foi
obtido em janeiro deste ano: R$ 150 mil conseguidos com dois empresários
da região”, completou Marcus Vinícius.
A Polícia não encontrou nenhum indício de envolvimento afetivo ou sexual
entre Leanderson e Orlando. “Antes do suicídio, o padre estava abalado
moralmente com a falência da paróquia”, contou ainda o delegado.
Prisão
De acordo com as investigações, o suspeito mantinha vida no "high
society de Quixadá", vestindo roupas de grife e dirigindo carros
importados, por exemplo. Apesar de viajar frequentemente à Brasília e
ser visto junto ao deputado, em visitas à cidade, Leanderson não tinha
cargo público.
Segundo a Polícia, Leanderson teve acesso ao local do suicídio antes
mesmo da perícia e teria furtado o celular do padre Orlando, o que se
configura alteração de local de crime. O suspeito tentou coagir ainda
outras autoridades religiosas da Diocese de Quixadá, consideradas
testemunhas do estelionato, tumultuando as investigações. Os quatro
crimes levaram à prisão preventiva do suspeito, decretada pela Comarca
de Quixadá.
Fonte: O Povo/LUCAS BRAGA
Nenhum comentário:
Postar um comentário