Garoto foi encontrado debaixo do estrado da cama. Divulgação/Sinpoljuspi (Sindicato dos Agentes Penitenciários do Piauí) |
Agentes de plantão entraram em todas as celas da cadeia para descobrir
qual era a visita que ainda estava dentro da unidade prisional. Eles
encontraram o menino sem camisa, escondido embaixo da cama de José
Ribamar Pereira Lima, que está preso desde outubro de 2015, em uma cela
do alojamento 1, acusado de praticar pedofilia e estuprar uma vítima
menor de 14 anos.
A criança foi levada ao presídio pelos pais – que não tiveram os nomes
informados. Eles são amigos do preso e admitiram posteriormente à
polícia que deixaram que o garoto dormisse com José Ribamar porque
voltariam no domingo para nova visita.
Ao retornar à cadeia no dia seguinte, o casal recebeu ordem de prisão e
foi levado para a Central de Flagrantes de Teresina, onde eles prestaram
depoimento e foram liberados. A criança está com os pais. O caso está
sendo investigado pela Central de Flagrantes de Teresina.
O presidente do Sinpoljuspi (Sindicato dos Agentes Penitenciários do
Piauí), José Roberto Pereira, disse que a criança não tem parentesco com
o preso e que não deveria ter tido acesso às celas por ser menor de 18
anos sem autorização judicial prévia.
“A criança entrou no presídio acompanhada dos pais sem autorização
judicial. Não existe cadastro de crianças que visitam presos na Major
César e isso é muito grave. O que estamos vendo nessa situação é uma
aberração de crimes sendo cometidos contra vulneráveis”, criticou o
presidente do Sinpoljuspi, atacando diretamente o governo do Piauí.
O ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) proíbe que crianças e
adolescentes frequentem pavilhões e celas de presídios e determina que a
visita infantil deve ocorrer em brinquedotecas. As crianças que visitam
pais detentos devem ter autorização da Justiça para o convívio no
horário estabelecido pela unidade prisional em que o preso se encontra.
“A criança relatou a agentes penitenciários, que a retiraram da cela,
que teve as partes íntimas tocadas pelo preso. Não houve conjunção
carnal porque os agentes penitenciários chegaram a tempo e evitaram o
pior. Há suspeita muito forte de que essa criança foi levada para ser
violentada durante a noite. É um caso estarrecedor”, conta o
vice-presidente do Sinpoljuspi, Kleiton Holanda.
A Sejus (Secretaria de Estado da Justiça e da Cidadania) afirmou que
está investigando o caso, que o preso foi colocado numa cela do setor de
triagem e está isolado. A Secretaria informou ainda que a criança foi
submetida a um exame de corpo de delito e de conjunção carnal do
Instituto Médico Legal de Teresina que constatou que ela não foi
violentada.
A Major César não possui brinquedoteca para receber crianças que visitam
familiares presos. Segundo a Sejuc, as visitas infantis ocorrem na
capela, mas a Secretaria não soube informar como a criança teve acesso
aos pavilhões e se encontrava dentro da cela junto com outros presos. “O
caso foi comunicado à Vara de Execuções Penais para que adote
providência”, informou.
O Sinpoljuspi denunciou que o preso foi espancado pela direção da
unidade prisional como forma de castigo por ter mantido a criança dentro
da cela. A Sejus disse que está “apurando o suposto espancamento”.
Os presídios do Piauí estão superlotados, com 4.650 presos, e suas
unidades prisionais têm, ao todo, capacidade para 2.220 internos. A
Colônia Agrícola Major César tem capacidade para 200 internos e custodia
390 homens.
Fonte: UOL
Nenhum comentário:
Postar um comentário