Quixadá e Tianguá cancelaram festa de Carnaval
para controle de gastos. Segundo MPCE, decisão é resultado de trabalho
de fiscalização de decretos de emergência. Prefeito de Quixadá discorda
de ação do Ministério Público.
Dois municípios do interior do Estado cancelaram festejos públicos de
Carnaval. As prefeituras de Quixadá e Tianguá recuaram e não
deverão mais realizar atividades com recursos do município.
Apenas em Quixadá, a economia será de R$ 168 mil. Tianguá não estima os
gastos com a festa.
Para
a coordenadora da Procuradoria dos Crimes contra a Administração
Pública (Procap), a procuradora de Justiça Vanja Fontenele, do
Ministério Público do Ceará (MPCE), a decisão dos municípios pode
indicar “resultado do trabalho” de investigação de decretos de estado de
emergência em conjunto com o Tribunal de Contas dos Municípios do
Estado (TCM-CE). O MPCE não informa quantos municípios cancelaram festas
até agora.
Em Quixadá, o prefeito Ilário Marques (PT)
cancelou licitação que seria feita ontem, 20, para realização do
Carnaval no município. Em momento de grave crise financeira, o MPCE
havia expedido recomendação na última quinta-feira, 16, para o
cancelamento do custo.
“O Ministério Público não é contra a
realização de festas de Carnaval pelo poder público, desde que este se
encontre em uma situação financeira confortável e que o gasto com a
promoção do evento não possa impactar na prestação de serviços públicos
essenciais”, afirmou o promotor Marcelo Cochrane, do Juizado Especial
Cível e Criminal da Comarca de Quixadá.
Cochrane acrescenta
que, “diante da situação financeira” do município, não parecia “nada
razoável” o dispêndio da quantia “com escassos recursos públicos”.
Ilário
Marques alegou que considera o “Carnaval importante”, mas que cedeu às
“ameaças do MPCE” e que o “argumento (do órgão) não convence”. “Vi que
não valia a pena criar uma polêmica, fazer um evento sob ameaças de
judicialidade, que foi o que o MPCE fez”, criticou.
Segundo o
prefeito, o “estado de calamidade decretado na cidade foi para atender”
problemas fiscais, herança “do desmonte”, situação que não mudaria com o
Carnaval, que “já estava previsto no calendário” de Quixadá. Segundo
ele, haverá Carnaval “particular” com o bloco “Vai que eu vou”.
Prefeito
de Tianguá, Dr. Luiz (PSD) afirmou que foi decisão do município
cancelar a folia porque seria “imoral fazer festa num município em
crise, que ficou sem ambulância” por conta do governo anterior.
“Temos
que organizar o município para voltar ao desenvolvimento. Apenas
estávamos aguardando para fazê-lo, de preferência com respaldo do MPCE”,
explicou.
NÚMEROS
R$ 168
mil seria o gasto total de Quixadá com licitação para o Carnaval
40
prefeitos, aproximadamente, participaram de seminário no TCM
Saiba mais
Ubajara
Com
rumores de que a prefeitura de Ubajara – outro município que havia
decretado estado de emergência – também cancelou o Carnaval no
município, a promotoria da comarca da cidade afirmou que “não tem
conhecimento concreto” da decisão e que emitiu recomendações “com
relação a festas em geral” na cidade.
Relatórios do TCM
Mais
uma leva de relatórios elaborados após visitas de fiscalizações do TCM
em municípios do Ceará foi entregue ontem ao MPCE. Das mãos de
Domingos Filho, os dados de inspeções em Chaval, Ibiapina, Madalena,
Bela Cruz, Choró e Graça, que ocorreram entre o dia 6 e 10 de fevereiro
e passaram para a procuradora Vanja Fontenele. A previsão era de que
essa fosse a penúltima entrega de relatórios antes da próxima
segunda-feira,27. Porém, Domingos Filho afirma que “essa fase da
operação está concluída, após visitar 30 municípios”, mas “o intuito é
continuar com este trabalho”.
“O núcleo de fiscalização do TCM
verificou que outros municípios baixaram decretos de emergência e não
podemos deixar de ir a alguns e não a outros”, complementa.
A
operação em conjunto do TCM e MPCE investiga a regularidade de
decretos de estados de emergência e calamidade pública e eventuais
dispensas de licitação fundamentadas nessa situação no Ceará.
Fonte: O Povo Online
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