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terça-feira, 30 de junho de 2020

Após controvérsias, ministro da Educação retira pós-doutorado do currículo

Formação de Carlos Decotelli na Alemanha entrou em debate depois que a universidade disse que o período de estadia do ministro foi de somente três meses.

Decotelli: divergências levaram ministro a alterar currículo na segunda-feira, 29. Foto: Reprodução Facebook / Fonte: Exame


O recém-nomeado ministro da Educação, Carlos Alberto Decotelli, retirou de seu currículo os trechos em que dizia ter feito pós-doutorado na Universidade de Wuppertal, na Alemanha.

O doutorado na Universidade de Rosário, na Argentina, também passou a ser descrito como “doutorado interrompido” no currículo Lattes de Decotelli, plataforma oficial para pesquisadores brasileiros.

O pós-doutorado do ministro, que é professor universitário com experiência em finanças e economia, entrou em debate na segunda-feira, 29, depois que a universidade afirmou que o período de estadia do ministro na instituição foi de três meses. Na versão anterior de seu currículo, Decotelli afirmava ter feito pós-doutorado na Universidade de Wuppertal entre 2015 e 2017.

A universidade alemã também não confirmou que Decotelli estava fazendo pesquisa na instituição oficialmente como um projeto de pós-doutorado.

O pós-doutorado, contudo, não é um título oficial, ao contrário de mestrado e doutorado, mas consiste em um trabalho feito por um pesquisador com título de doutor.

“O senhor Carlos Decotelli esteve na Universidade de Wuppertal para uma pesquisa de três meses sobre sustentabilidade. Ele não era pós-doc na nossa universidade. Ele não lecionou e não obteve nenhum certificado”, escreveu a instituição por meio de seu departamento de imprensa, em uma segunda nota enviada à EXAME após ser questionada sobre se o programa de pesquisa em que Decotelli estava poderia ser considerado um programa de pós-doutorado. A universidade também disse que não poderia responder por formações adquiridas pelo pesquisador no Brasil.

É comum que os programas de pós-doutorado sejam mais longos, de ao menos um ano, embora não haja regras oficiais e globais, por não se tratar de um título formal fornecido pela universidade.

Doutorado interrompido

O próprio título de doutorado de Decotelli, necessário para qualquer programa de pós-doutorado, foi questionado pela Universidade de Rosário, na Argentina, que afirma que ele cursou os créditos do programa, mas que sua tese foi reprovada, de modo que ele não obteve o título.

Nas mudanças em seu currículo ontem, Decotelli também acrescentou que sua tese de doutorado não foi aprovada. O período na Alemanha, por sua vez, passou a constar no currículo de Decotelli apenas como “atuação profissional” e como “projeto de pesquisa”. O período entre 2015 e 2017 foi mantido.

Na descrição do projeto, Decotelli afirma que “participou de um projeto de pesquisa, em parceria com pesquisadora da Bergische Universitat Wuppertal, na Alemanha, com título ‘Sustentabilidade e Produtividade na Automação de Máquinas Agrícolas’, pesquisa na qual teve apoio da empresa Krone (www.krone.de)”.

O currículo Lattes é um documento eletrônico usado por pesquisadores brasileiros para registrar sua produção e experiência acadêmica. A plataforma é controlada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), mas o preenchimento é feito pelo próprio usuário.

Além de doutorado e pós-doutorado, em seu currículo, Decotelli informa ainda que é formado em Ciências Econômicas pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e mestre em Administração pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Posse de Decotelli adiada

As discussões sobre o currículo de Decotelli levaram o governo do presidente Jair Bolsonaro a adiar a posse do ministro, que estava prevista para a tarde desta terça-feira, 30. Em suas redes sociais na noite de segunda-feira, Bolsonaro disse que manterá a nomeação do ministro.

Decotelli foi nomeado Ministro da Educação na última quinta-feira, 25, com perfil considerado de “diálogo”. Em 2019, ele foi presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), já no governo Bolsonaro, por indicação da ala militar.

Portal Pacujá News 

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