A destruição de agências bancárias virou uma perigosa rotina no interior cearense. |
Vinte e duas agências e postos
bancários assaltados e explodidos, 11 carros-fortes atacados. Este é o
mais recente balanço da onda de crimes praticados por quadrilhas locais e
interestaduais, especializadas em roubos a instituições financeiras, no
Ceará em 2018. O último crime do gênero ocorreu na madrugada de sábado
passado (1º de dezembro), na cidade de Uruoca, na Zona Norte do estado
(297Km de Fortaleza). Em 20 cidades do Interior cearense, o quadro é de
destruição dos bancos e a população enfrentando dificuldades para
realizar suas atividades financeiras.
Em contrapartida às ações do crime organizado contra bancos e veículos
de transporte de valores, as forças policiais desarticularam diversas
quadrilhas, com mais de 40 bandidos presos. No mais recente embate, seis
bandidos morreram quando trocaram tiros com a Polícia Militar e agentes
de Inteligência durante tentativa de ataque a um blindado no Município
de Russas.
Utilizando armas de grosso calibre, como fuzis, metralhadoras,
submetralhadoras, espingardas e pistolas, além de artefatos explosivos,
as quadrilhas têm, cada vez mais, ousado nos ataques a bancos do
interior cearense. O alvo nem sempre é apenas a agência ou o posto
bancário de cidades de pequeno porte. As sedes dos Destacamentos da PM e
as viaturas, em geral, são metralhadas e os policiais acusados sem ter
poder de fogo suficiente e nem pessoal para enfrentar, em pé de
igualdade, os bandos criminosos.
Na lista das cidades atacadas no Ceará, em 2018, por quadrilhas de
ladrões de bancos, a maioria é formada por Municípios de pequeno porte,
onde o efetivo policial é reduzido e, portanto, sem capacidade de
enfrentar a letalidade dos criminosos. São cidades pacatas, que contam,
muitas vezes, apenas com um banco ou um posto avançado, tais como
Groaíras (na Região Norte) e Ibaretama (no Sertão Central). O baixo
efetivo e a reduzida capacidade bélica impede que a PM dê a resposta
imediata. AS operações de caça aos ladrões geralmente só começam após a
fuga do bando e com a chegada de reforços de Municípios vizinhos e de
forças especiais, como o Comando Tático Rural (Cotar), do Batalhão de
Policiamento de Choque (BPChoque) e do Batalhão de Divisas (BPDiv).
Regiões dos ataques
Das 20 cidades onde 22 bancos (agências e postos) foram atacados neste
ano, 15 estão localizadas no Interior Norte. São elas: Varjota, Uruoca,
Santa Quitéria, Itatira, Reriutaba, Amontada, Moraújo, Irapuan Pinheiro,
Guaraciaba do Norte, Santana do Acaraú, Monsenhor Tabosa, Sobral,
Groaíras, Catunda e Meruoca. Em duas delas, Reriutaba e Uruoca, os
bandidos atacaram, simultaneamente, duas agências bancárias (Bradesco e
Banco do Brasil).
Na região Interior Sul, os ataques a bancos são em menores proporções.
Apenas cinco Municípios foram alvo dos crimes. São eles: Ibaretama,
Solonópole, Santana do Cariri, Piquet Carneiro e Farias Brito. Em
contrapartida, foi nesta região do estado onde aconteceu maior número de
ataques a carros-fortes, nos Municípios de Aracati (duas vezes),
Mombaça, Saboeiro e Russas.
Na região Norte, carros-fortes foram alvos de ataques em três
Municípios: São Luís do Curu (duas vezes), Santa Quitéria e Varjota.
Houve também neste ano, tentativas de ataques a blindados em Fortaleza e Chorozinho.
Reação
Quadrilhas interestaduais são, quase sempre, as responsáveis pelos
ataques a bancos e carros-fortes no Ceará. Criminosos locais que atuam
neste tipo de delito fazem parceria com delinqüentes dos estados
vizinhos e, com mais freqüência, do Piauí, Pernambuco, Paraíba e Rio
Grande do Norte.
Recentemente, a Polícia descobriu que um bando formado por cearenses e
potiguares vinha atuando na região do Vale Jaguaribe e Sertão Central. O
trabalho de Inteligência culminou no enfrentamento ocorrido na manhã do
último dia 23, na zona rural de Russas, que terminou na morte de seis
bandidos e na apreensão de um forte armamento, incluindo cinco fuzis,
espingardas de calibre 12 (escopetas), pistolas, coletes à prova de
balas e artefatos explosivos.
Fonte: Fernando Ribeiro
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