SERVIÇO Veterinário Oficial intensifica ações para erradicação da peste suína Adagri/Divulgação |
Animais acometidos por peste suína clássica (PSC) foram abatidos ontem em Ipu (295 km distante de
Fortaleza). Mas este não é um caso isolado. O surto da doença já foi
verificado em dez municípios do Estado até o momento, atingindo pequenos
criadores, que não possuem a tecnicidade necessária para o manejo de
suínos. Desde o início dos focos, mais de 500 animais foram abatidos
como precaução para que a doença não se espalhasse.
Diretor
de sanidade animal da Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Ceará
(Adagri), Amorim Sobreira explica que os trabalhos de combate à doença
estão sendo realizados na região atingida - que está em estado de
emergência sanitária desde o último dia 2 de novembro, após decreto do
Governo do Estado - e investigação do foco inicial é realizado. A
suspeita é que feiras irregulares, que comercializam animais sem
certificações básicas, e atestados clínicos assinados por veterinários
tenham expandido o problema.
Forquilha, Groaíras, Santa Quitéria, Varjota, Moraújo, Cariré,
Reriutaba, Frecheirinha, Graça e Ipu, são os dez municípios atingidos
pelo surto. Presidente da Associação dos Suinocultores do Ceará (Asce),
Paulo Helder Braga confirma os mais de 500 abates e diz que os
pecuaristas serão indenizados a partir desta semana.
As
indenizações equivalem ao preço de mercado da região, calculado pela
Asce em R$ 5,20/kg. Mesmo com o sacrifício dos doentes, os criadores que
estão na zona de atenção não poderão colocar animais na fazenda por
espaço de um ano, até ser constatado que o vírus foi eliminado.
"Os
trabalhos procurando debelar o problema o mais rápido possível vêm
sendo realizados". Apesar da declaração, Paulo lamenta que a notícia do
alastramento da peste causa impacto na impressão do consumidor quanto à
carne, além do prejuízo causado aos maiores produtores fora da zona
livre de peste suína clássica, reconhecida pela Organização Mundial da
Saúde Animal (OIE): Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Minas
Gerais, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Rio de
Janeiro, Espírito Santo, Bahia, Sergipe, Tocantis, Rondônia e Acre e o
Distrito Federal.
A dificuldade para controlar a origem e
trânsito de suínos contribui para deixar o Estado de fora desta da zona
segura. Por meio de nota divulgada no último mês, a Associação
Brasileira de Proteína Animal (ABPA) minimizou os riscos afirmando que o
Ceará não faz parte do fluxo comercial para grandes centros e que os
focos da doença foram detectados longe das grandes zonas exportadoras.
"O
primeiro impacto é que com a notícia da peste suína o consumo reduz e
os negócios no setor ficam prejudicados, pois não podemos nem mandar nem
receber suínos. Complica também a programação das propriedades
tecnificadas, que recebem animais de reprodução", complementa Paulo.
Em
Ipu, um dos municípios com focos da doença, o secretário municipal da
Agricultura, Alberto Martins, anuncia que esforços, como a realização de
reunião com criadores, vêm sendo feitos para remediar os efeitos da
doença.
Ainda de acordo com o secretário municipal, apoio
logístico está sendo oferecido pela Prefeitura para escavação de covas
para os bichos sacrificados. O secretário estima que cerca de 70
criadores até o momento tiveram os suínos afetados com a doença na
região, mas acredita que esse número deva aumentar para mais de 90.
O
perfil de criadores que tiveram os animais infectados é de pessoas que
adquirem os suínos informalmente e não realizam ações de prevenção de
doenças, criando os bichos em chiqueiros, fundos de quintal ou soltos na
rua.
O desconhecimento sobre a doença também fez com que a
situação fosse agravada na região e o surto fosse registrado. "Muitos
produtores já tinham percebido os sintomas nos animais, mas não sabiam
do que se tratava", acrescenta o diretor da Adagri.
Equipe
de 20 veterinários da Agência, funcionários do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Embrapa, Associação
Brasileira de Veterinários Especialistas em Suínos (Abraves) auxiliam
nos esforços junto de profissionais vindos de outros estados do País
como Paraná, Mato Grosso e do Distrito Federal, que trabalham desde 6 de
outubro - quando o surto foi notificado pela primeira vez em Mulungu,
distrito de Forquilha (a 215 km de Fortaleza). Os profissionais
trabalham na investigação de suspeitas e cerco de 10 km em volta da área
foi feito, além da proibição de entrada e saída de suínos do Ceará.
"Estamos
com alerta disparado para as Polícias Rodoviárias Estadual e Federal
para proibir a entrada e saída de suínos e seus derivados e outros
estados também estão se resguardando. Isso já é um decreto federal e
estadual: estamos em estado de emergência sanitária e com todas as
nossas barreiras sanitárias fechadas. Estamos tomando essa precaução",
afirma Amorim.
REPARAÇÃO
O
dinheiro das reparações destinado aos criadores afetados pela doença
deve ser depositado na conta da Asce nesta amanhã para depois ser
distribuído.
O POVO / SAMUEL PIMENTEL
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