“Fora gay, fora viados”, são ordens ditadas por criminosos encontradas
ontem nas placas de ônibus, no bairro Parque Manibura. Enquanto isso, na
mesma data, precisamente no Fórum Clóvis Beviláqua, mais uma pessoa era
julgada por matar a travesti ‘Dandara dos Santos’. Júlio César Braga da
Costa, o sexto condenado por matar Dandara, foi sentenciado a cumprir
16 anos de prisão.
A decisão foi proferida por volta das 22h30, pela juíza Danielle Pontes
de Arruda Pinheiro, da 1ª Vara do Júri de Fortaleza, após 8h30 de
julgamento. A magistrada acatou a denúncia do Ministério Público do
Ceará (MPCE) de que o acusado participou de um homicídio triplamente
qualificado (por motivo torpe, meio cruel e recurso que impossibilitou a
defesa da vítima). O regime da pena é inicialmente fechado.
Quando ouvido, Júlio César confessou sua participação no crime
realizado com requintes de crueldade em fevereiro de 2017 e que
impressionou milhares de pessoas e evidenciou o preconceito que existe
contra os Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais ou
Transgêneros (LGBTQ+). “Não tinha intenção de matar, nem executar. Tinha
consciência que estava fazendo mal a ela. Peço desculpas à família, eu
errei”, disse o condenado quando ouvido.
Segundo o promotor Marcus
Renan Palácio, o réu julgado ontem foi “tão covarde quanto os demais”:
“Júlio César, quando Dandara já se encontra prostrada no chão, toda
desfalecida, ele tem a insensibilidade de dar dois chutes no rosto dela e
ajuda aos demais ao colocá-la no carrinho, que a leva ao local em que
ela é atingida com um disparo de arma de fogo”, descreveu. A defesa do
réu, representada pelo advogado Sérgio Ângelo, sustentou que o cliente
não matou a travesti e deveria responder apenas pelo crime de lesão
corporal gravíssima. O defensor levantou uma nova tese no plenário para o
assassinato de Dandara: o homicídio teria motivação passional.
“O
crime foi totalmente planejado pelo namorado da Dandara, isso está
robustecido nos autos. Francisco Welinton preparou, por conta de saber
que Dandara tinha HIV e ela não tinha revelado a ele, o que passou a ser
uma traição. Ele faz essa armadilha para matar e eliminar Dandara”,
alegou.
O julgamento, previsto para começar às 9h30, se iniciou às
14h. A ausência de “testemunhas imprescindíveis” pela defesa do réu,
adiou a sessão. A Polícia Militar foi acionada para cumprir mandados de
condução coercitiva, expedidos pela juíza. A defesa promete recorrer em
cinco dias.
Fonte: Varjota em Destaque
Nenhum comentário:
Postar um comentário