Ex-chefe do tráfico passava bilhetes para colega de cela, ele esteve preso até maio deste ano.
Beira-Mar tinha parceria com empresários. |
Ficou provado por bilhetes apreendidos pela Polícia Federal que Luiz
Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, estava dando ordens para os
seus comparsas. Ele determinou partilha do faturamento da quadrilha,
revelou gastos com advogados e vistias de parentes. Ele ainda detalhou
como seu bando lava o dinheiro do tráfico.
Por meio dos recados, os investigadores chegaram
a conclusão que uma das forma de lavagem que Beira-Mar utilizava era o
investimento em obras no Parque das Missões, favela que tem domínio de
seu bando em Duque de Caxias, na Baixada Fluminese, onde o traficante
nasceu.
Em
um dos bilhetes encontrado no e-mail que Luan Medeiros da Costa, o
filho do bandido, usava, os agentes descobriram gastos de R$ 26,500 com
materiais de construção e R$ 3,500 com o pagamento de um mestre de
obras. Os valores são descritos como "obras na MS", abreviação de Parque
das Missões. De acordo com uma decisão da Justiça Federal de Rondônia,
os repasses “coincidem com o período do início das obras no Parque das
Missões, as quais são custeadas pela organização criminosa”.
A
polícia descobriu que o criminoso se associou a empresários para lavar
dinheiro a partir do “fornecimento de serviços e produtos dentro das
comunidades que comanda”. Os empresários que fazem parte do acordo cedem
seus nomes e o de suas respectivas empresas em troca de uma parte do
lucro. Em outro bilhete interceptado, o traficante ainda fala sobre
despensas de R$ 150 mil. Destes, R$ 20 mil são com passagens ns e
hospedagens em visitas de seus parentes.
“Hoje, minha despesa
mensal gira em torno de R$ 150 mil e esse dinheiro da caixinha mal vai
dar para minhas despesas de visita”, escreveu o chefão. Entre 2016 e
2017, o criminoso recebeu 83 visitas. Ele ainda diz em outro bilhete como os lucros deverão ser divididos com a venda das cargas de cocaína.
As
transcrições dos bilhetes fazem parte do processo contra o chefão do
crime originado pela operação Epístolas, que prendeu oito parentes e
dois advogados do criminoso em maio. Ainda por conta da operação,
Beira-Mar foi transferido de Rondônia para Mossoró, no Rio Grande do
Norte.
"Dentro dos presídios esses chefões de facção continuam
liderando o crime. E dentro de presídio federal eles não fazem isso. Não
vão fazer e vão continuar lá enquanto a Justiça entender ser necessário
para garantir a segurança da sociedade", disse o ex-ministro da Justiça
e ministro do Supremo Alexandre de Moraes.
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