Durou apenas 10 anos o projeto de Polícia Comunitária implantado no
Ceará. O Ronda do Quarteirão chega ao fim e será completamente
substituído, até dezembro de 2018, pelo Raio. Neste fim de semana, o
atual secretário da Segurança Pública do Estado, delegado federal André
Costa, falou sobre o assunto, e o tom foi de extinção do Ronda.
“Ao longo do tempo o Ronda do Quarteirão perdeu a finalidade. Na
verdade, ele já não vinha mais existindo na prática. A Polícia
Comunitária foi deixada de lado”, disse Costa. Ainda segundo o gestor, a
tendência é que o efetivo do Ronda seja transferido e incorporado a
outras unidades da Policia Militar. Boa parte já migrou para o Batalhão
de Rondas de Ações Intensivas e Ostensivas (Raio), principalmente no
Interior, ou foi remanejada para o Policiamento Ostensivo Geral (POG).
O projeto
O projeto
Quando ainda era candidato ao governo do estado, Cid Gomes lançou em sua
campanha a ideia de implantação de um projeto de “Polícia Cidadã”, em
que a população iria atuar como parceira da Segurança Pública. Ao
assumir o cargo em seu primeiro mandato, Gomes pôs em prática o plano e
começou isto com uma medida que causou polêmica; a compra de 200
caminhonetas importadas, modelo Hilux, por R$ 30 milhões (R$ 150 mil
cada uma).
A ideia era formar patrulhas com carros e motos que circulariam em cada
perímetro de três quilômetros quadrados, com total interação entre os
policiais e os moradores e comerciantes de cada quadrante. Cada viatura
tinha um telefone individual, com um número que podia ser acessado por
qualquer cidadão. Eles falariam diretamente com a patrulha, evitando
assim, a burocracia e a demora típicas das ligações endereçadas à
Ciops.
Também foram implantadas câmeras internas e externas em cada viatura e
assim, os policiais passaram a ser monitorados 24 horas. Houve casos de
prisão por alguns PMs terem dormido no serviço.
Lançado em novembro de 2007, como plano-piloto, o Ronda começou
atendendo em cinco áreas da Capital. Em 22 de fevereiro de 2008, foi
ampliado para mais 76 áreas de Fortaleza. Em junho do mesmo ano, ganhou
mais 20 áreas, ampliando o serviço para as cidades de Caucaia e
Maracanaú, na Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). Em junho de 2009,
teve início sua etapa de interiorização, sendo implantado nas cidades
de Juazeiro do Norte e Sobral. No começo de 2010, já estava em
operação em praticamente todo o estado.
Mudar
Mudar
Ao assumir o governo do Ceará, em janeiro de 2015, Camilo Santana herdou
dos oito anos do governo de Cid Gomes altíssimas taxas de violência no
Ceará. Teve, então, que mudar o cenário e decidiu que a experiência
exitosa do Raio seria a saída para mudar a situação. Cumpriu sua
promessa de campanha e ampliou o batalhão.
Seguindo a mesma linha que Cid adotou com o Ronda, Camilo ampliou
inicialmente o Raio às cidades da Região Metropolitana de Fortaleza e,
depois, passou a expandir o batalhão pelo Interior, começando
(coincidentemente, ou não), por Sobral e, depois, Juazeiro do Norte.
Ao decidir por implantar sua própria linha de ação na Segurança Pública,
o governador Camilo Santana foi mais além, lançando o programa “Ceará
Pacífico”. Trata-se de um pacote de estratégias com vistas à redução da
violência a partir de um esforço concentrado de diversas instâncias da
sociedade, que vai desde a Polícia a organismos como o Tribunal de
Justiça do Estado, a Defensoria Pública e o Ministério Público.
Camilo quer dar à segurança Pública seu (dele) próprio estilo. Além de
substituir o Ronda pelo Raio, vai mudar a caracterização das viaturas,
trocar as Hilux por veículos menores e mais baratos e, em breve, mudar
também a farda da Polícia Militar. Quer chegar em 2018 – ano eleitoral e
com perspectiva de sua reeleição – com uma Segurança Pública com a cara
e a marca de sua gestão. No entanto, neste momento, está enfrentando
uma alta na criminalidade no Ceará, com brutal elevação das taxas de
assassinatos, fruto da “guerra” das facções criminosas.
Fonte:Ceará News 7
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